09 junho 2010

12.06.10 - "Home - Nosso Planeta, Nossa Casa"

O filme que será exibido esse sábado no Cineclube Consciência traz à tona a questão do meio ambiente de forma não-convencional e muito instigante, com a mensagem de que não há mais tempo de sermos pessimistas. Mostra-nos as belezas que ainda temos e a grandiosidade da natureza que deve ser preservada, frente a tudo o que já destruímos. Mas há outro dado importante: o filme tem muito a ver com cineclubismo, já que a produção e direção fizeram questão que se exibisse o filme de graça, para que sua mensagem essencial fosse passada para a maior quantidade de pessoas possível. Lembrando: para comentar sobre o filme e sobre toda a questão do meio ambiente, Paulo Dutra, membro-fundador do Forum Caxambu e ambientalista em Jundiaí irá ao Cineclube Consciência.

Para quem se interessar em saber mais sobre o filme antes de conversar lá no Cineclube, aqui vai um material muito interessante. Até sábado!

Foi filmado em 54 países e em 120 locações
Rendeu 500 horas de filmagens registradas em 733 fitas
Foram 217 dias de filmagens em 18 meses
Foi visto no dia 5 de junho de 2009 em 87 países
Com dublagens em 14 línguas


NOTAS DA PRODUÇÃO
por Denis Carot, Elzévir Films [diretor]

“Se podemos melhorar as imagens do mundo, talvez possamos melhorar o mundo.”
Wim Wenders

As palavras de Wim Wenders talvez nunca tenham sido tão relevantes para um filme como no caso de HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA. Dando continuidade ao documentário VERDADE INCONVENIENTE de Al Gore, HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA é, com certeza, um filme com uma mensagem cujo objetivo é aguçar a percepção das pessoas, chamar a nossa atenção para os movimentos tectônicos em andamento e nos incitar a agir. Embora haja uma apego geral das sociedades com relação a questões ecológicas, ações concretas ainda são pequenas e lentas demais, o que constitui, de diversas formas, o que o filme prega: é tarde demais para ser pessimista.

Mas HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA é mais do que um documentário com uma mensagem. É um filme grandioso por méritos próprios. Cada tomada é espetacular e mostra a Terra, a nossa Terra, como nós nunca a vimos antes. Cada imagem parece dizer: “Vejam como a Terra é bonita, vejam como nós a estamos destruindo, e, acima de tudo, vejam todas essas maravilhas, as quais ainda podemos preservar.”

Quando comecei a trabalhar no projeto com Yann [diretor e roteirista], estava convencido que a idéia de realizar um filme rodado inteiramente dos céus, sem entrevistas nem material de arquivo, era acertada, mas eu não conseguia entender por quê. Uma conversa me iluminou: “Do ponto de vista aéreo há menos necessidade de explicações.” Absolutamente! A nossa visão é mais imediata, intuitiva e emocional. É isto que diferencia HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA de todos os outros filmes sobre questões ambientais – todos igualmente necessários para a humanidade neste período crucial. HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA causa impacto imediato sobre a sensibilidade de qualquer um que o assiste, chamando nossa atenção, inicialmente através da emoção, a fim de mudar a forma que vemos o mundo.

Provavelmente, é essa “pequena necessidade de explicações” que também permite que o filme atinja seu objetivo original: o de envolver as principais questões ecológicas que nos confrontam, mostrando como tudo no planeta está interligado ao longo de duas horas. E como o filme foi realizado sem roteiro, foi um grande desafio.

Além do conteúdo, a grande particularidade do filme está principalmente na sua forma de distribuição. Yann é um homem generoso, cujo maior desejo, desde o princípio, foi compartilhar o filme com o mundo; que ele fosse visto pelo maior número que pessoas possível, em todos os continentes e, para tanto, ele deveria ser exibido gratuitamente!

Quando ele nos explicou sua intenção na nossa primeira reunião com minha sócia Marie de Masmonteil, eu achei que seria totalmente impossível. Seu ponto de referência era a exibição de “A Terra Vista do Céu”, que, oito anos depois de lançado, ainda é exibido gratuitamente através do mundo e já foi até agora assistido por mais de cem milhões de pessoas. Mas o custo da produção de um filme é muito maior do que uma exposição de fotografias. Além disso, o cinema só existe graças à renda que gera. Como seria possível, nesse contexto, exibir o filme gratuitamente, a não ser que apelássemos para muitos e generosos doadores, esforço que demanda tempo, e muito tempo? Mas o HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA é tão impaciente quanto teimoso e a luta para salvar o planeta é urgente - prioridade absoluta. Ele também é persuasivo e inspira confiança. Assim, eu me comprometi com esta aventura, sem muita certeza de onde chegaríamos, mas genuinamente convertido à causa e absolutamente convencido de que o filme deveria ser feito, muito embora tudo pudesse ser suspenso tão rápido quanto começou.

A adesão inacreditavelmente espontânea de Luc Besson [produtor] tornou o projeto digno de crédito e viável. Era indispensável que uma produtora de cinema de porte internacional estivesse envolvida na operação desde o início. Foi o comprometimento de François-Henri Pinault e todo o grupo PPR que nos permitiu realizar o inimaginável, ver o filme ser exibido gratuitamente ao redor do mundo. E foi a determinação e o esforço de Yann Arthus-Bertrand que reuniu toda essa energia e talento para ultrapassar este desafio inacreditável em função do bem comum, isto é, para o bem de nosso planeta e todos seus habitantes.

Provavelmente isto é apenas uma gota no oceano se comparado aos desafios que esperam as futuras gerações, mas eu estou sinceramente convencido de que é nosso dever dar a nossa contribuição, independentemente se grande ou pequena. “Dêem-me um ponto de apoio e moverei a Terra!”, disse Arquimedes. Meu único desejo hoje é que HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA dê a milhões de pessoas, de todos os continentes, um ponto de apoio.

_____________


ENTREVISTA COM YANN ARTHUS-BERTRAND
Co-roteirista e Diretor


Quando você sentiu que deveria realizar este filme?

Quando convidei Al Gore para apresentar seu filme - Uma Verdade Inconveniente - ao Parlamento Francês, percebi o grande impacto que o filme teria, muito mais do que um programa de televisão. Eu vi como o público ficou comovido, em alguns casos chegaram às lágrimas, e eu disse para mim mesmo, que o cinema seria um excelente meio de chegar às pessoas. Também me pareceu ser uma progressão natural da fotografia e dos programas de TV. Ocorreu-me que ao tirar fotografias da Terra, o meu tema era a humanidade, que é a mesma lógica por trás dos filmes.

Este é o seu primeiro filme de longa-metragem e um projeto bastante ambicioso. Da produção, filmagem até a montagem, o senhor encontrou muitas dificuldades?

Fui apresentado a Denis Carot, produtor de Live And Become, por Armand Amar, compositor e amigo. Ele concordou participar do projeto imediatamente, assim como Luc Besson. Foi quando a coisa ficou difícil! Quando lhe dão tanto dinheiro para fazer um filme único, filmado inteiramente em HD e de um helicóptero, é uma responsabilidade e um estresse constante. Eu trabalhei por instinto e, como sempre, aprendendo na medida em que trabalhava. Logo percebemos que a equipe dentro do helicóptero teria que ser reduzida ao piloto, o cameraman e o “engenheiro de imagem”. Assim, tivemos que dominar questões técnicas começando pela câmera que estávamos usando e as condições de filmagem, que eram diferentes em cada país que sobrevoávamos. Também, eu fiz o filme sem roteiro, baseado em uma sinopse de apenas uma página. Eu sabia a história que queria contar, mas a narração só surgiu enquanto filmávamos - principalmente o tema central de energia – primeiro a energia da força do músculo humano, depois a revolução desencadeada do que chamamos de “bolsas de luz solar”, óleo. O resultado final é realmente o filme de um fotógrafo que não está acostumado a restrições.


Qual é a mensagem central do filme?

O filme tem uma mensagem muito clara. Sofremos um grande impacto sobre Terra, mais do que poderíamos suportar. Nós consumimos em excesso e estamos extinguindo os recursos da Terra. Do ar, é fácil ver as feridas da Terra. Assim, HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA simplesmente revela nossa atual situação, enquanto afirma que a solução existe. O subtítulo do filme poderia ser “É Tarde Demais Para Ser Pessimista”. Nós chegamos a uma encruzilhada. Decisões importantes devem ser tomadas para mudar o mundo. Todos sabem algo sobre o tema do filme, mas ninguém quer acreditar nele. Assim HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA agrega importância ao argumento de organizações ambientais, de que precisamos refletir sobre um caminho com maior bom senso e mudar nosso modo de consumo.

Isto também envolve o fato do filme ser distribuído de uma forma sem qualquer precedente...

Tive a idéia de distribuir o filme em todos os formatos gratuitamente sempre que possível, depois de conversar com Patrick de Carolis, que queria comprar o filme para a France Télévisions. Ele me disse que só poderia exibi-lo dois anos após a exibição nos cinemas. Procurei Luc Besson e disse que devíamos distribui HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA gratuitamente. Ele disse que era impossível antes de ser render à idéia de ver um filme acessível de forma gratuita por todo o mundo e no mesmo dia. Aquilo nunca havia sido feito antes e foi possível graças a François-Henri Pinault, presidente e diretor executivo da PPR, que deu apoio imediato ao nosso filme. O que eu realmente quero é que as pessoas cujo consumo tem um impacto direto sobre a Terra, percebam a necessidade de mudar seu modo de vida depois de assistirem o filme.

Como você elaborou a narração e a música?

O texto da narração era crucial, é claro. Eu fui muito inspirado pelo trabalho de Lester Brown, o famoso ambientalista americano e pelo seu livro O Estado do Mundo (State of the World). Eu também trabalhei com Isabelle Delannoy, minha colaboradora de longa data. Com relação à música, é óbvio, pedi a Armand Amar, o melhor amigo do mundo e o melhor músico francês. Ele também é especializado em músicas do mundo e vozes e eu queria esse tipo de mistura cultural para a trilha sonora.

Como você desenvolveu o ritmo do filme?

Eu gosto da indolência da admiração, por isso eu queria que ela assumisse seu tempo. Restrições técnicas ligadas ao peso do helicóptero e à câmera que estávamos usando, levou-nos a filmar muitas cenas em câmera lenta. É isso o que eu gosto no filme: ele é contemplativo. É também um filme que nos faz ouvir e parar para pensar. As pessoas não gostam de ouvir algumas coisas que o filme tem a dizer, mas eu não estava disposto a fazer concessões.

Por que o título HOME?

Foi idéia de Luc Besson e era a escolha óbvia. É muito simbólico, pois a ecologia é o estudo de nosso relacionamento com o nosso meio ambiente.

HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA tem crédito de carbono. O que isso envolve?

Todas as emissões de CO2 produzidas pela produção do filme são calculadas e compensadas por quantias em dinheiro, usadas para fornecer energia limpa àqueles que não a têm. Nos últimos dez anos, todo o meu trabalho tem sido à base de Redução Certificada de Emissões.

O que você espera que o público absorva?

Além de uma mudança na forma de vida, eu gostaria que as pessoas quisessem ajudar. Há uma citação magnífica de Théodore Monod: "Nós tentamos tudo, exceto amar". Espero que esse filme seja sinônimo de muito amor.

Nenhum comentário: