20 julho 2009

Chama Vereque, sábado 25/07 às 19horas

VEREQUETE: A História

A história de Verequete é muito parecida com a história de muitos homens do interior do Pará que deixaram tudo, em seus lugares de origem, para tentar conseguir melhorias de vida na capital do estado.

A diferença, no entanto, é que Verequete, nesta sua “diáspora”, carregou consigo diversos elementos de sua cultura “original” e os reelaborou em um novo contexto, um contexto urbano, construindo uma identidade cultural que lhe acompanha desde muito tempo até os nossos dias. O carimbó é a sua arte de transformação.

O termo "carimbó" aparece em seus primeiros registros como o nome de um instrumento musical de percussão. Sua definição mais antiga consta no Glossário Paraense de Vicente Chermont de Miranda, publicado em 1905.

Conforme Chermont, o carimbó seria um "tambor feito de madeira oca e coberto, em uma de suas extremidades, por um couro de veado". Tal definição, ainda hoje, serve para explicar o formato do instrumento e apresentar suas principais características. No entanto, a palavra carimbó, na atualidade, significa muito mais do que apenas o nome do tambor. Abrange, na verdade, todo um conjunto musical que vai do instrumento à dança. Corresponde a um tipo de manifestação específica de algumas áreas do Pará e mesmo do Maranhão. Ele se caracteriza pela utilização de dois tambores (carimbós), que deram nome à música e à dança, além de outros instrumentos próprios como a onça (nome local dado à cuíca), o reco-reco (instrumento dentado feito de bambu) ou a viola. Existe também uma variante musical do carimbó que possui o mesmo nome (chamado de "carimbó eletrônico"), mas que, ao invés da marcação rítmica com os tambores característicos, utiliza uma bateria eletrônica e guitarras.

A história de Verequete é muito parecida com a história de muitos homens do interior do Pará que deixaram tudo, em seus lugares de origem, para tentar conseguir melhorias de vida na capital do estado. A diferença, no entanto, é que Verequete, nesta sua “diáspora”, carregou consigo diversos elementos de sua cultura “original” e os reelaborou em um novo contexto, um contexto urbano, construindo uma identidade cultural que lhe acompanha desde muito tempo até os nossos dias. O carimbó é a sua arte de transformação. Na verdade, sua música não pode ser considerada como um carimbó típico. Trata-se de um “ponto cantado” que é acompanhado pelos instrumentos do carimbó, ao invés dos tradicionais atabaques. Além disso, em “Chama Verequete”, como em outros “pontos” reinterpretados por Verequete, não há o acompanhamento musical feito por instrumentos de sopro (clarinete ou flauta), tal como é comum na prática do carimbó. O mesmo acontece com os “pontos” “Balanço do mar” e “A sereia”. “Chama Verequete” é iniciado com a vibração intensa de dois maracás, enquanto se inicia a invocação da entidade.

Augusto Gomes Rodrigues, o mestre Verequete, nasceu em um lugar conhecido por "Careca" que fica localizado próximo à Vila de Quatipuru, no município de Bragança, no Pará, em 26 de agosto de 1926. Seu pai, Antônio José Rodrigues, era oficial de justiça, marchante de gado e músico. Sua mãe, Maximiana Gomes Rodrigues, faleceu quando Verequete tinha apenas três anos de idade. Tal acontecimento antecedeu a primeira migração de Verequete para outro município. Ele, juntamente com seu pai, passou a residir no município de Ourém. Aos doze anos de idade mudou-se sozinho para Capanema, onde trabalhou como foguista, e em 1940 chegou a Belém, indo morar em Icoaraci (antiga Vila de Pinheiro). Neste período, Verequete trabalhou como ajudante de capataz na Base Aérea da cidade e subiu de posto até chegar a ser ajudante de agrimensor. Quando deixou de trabalhar na Base, Verequete exerceu outras atividades para garantir sua subsistência. Foi arremate de vísceras, açougueiro, marchante de porco e outros, no entanto a experiência de trabalho na Base Aérea marcaria para sempre sua vida, pois foi durante este trabalho que ele perdeu seu nome original, Augusto Gomes Rodrigues, e passou a ser identificado como Verequete.

Por trás deste nome tão diferente existe uma história muito interessante que pode ser contada pelo próprio Augusto Gomes Rodrigues, ou Verequete. Uma história que ele não se cansa de contar:

“Eu gostava de uma moça; então ela me convidou para ir ao batuque que eu nunca tinha visto. Umas certas horas da madrugada o Pai de Santo cantou "Chama Verequete". Eu era capataz da Base Aérea de Belém, na época da construção, cheguei na hora do almoço e contei a história do batuque... Quando acabei de contar, me chamaram de Verequete”.

Chama Verequete, ê, ê, ê, ê / Chama Verequete, ô, ô, ô, ô

Chama Verequete, ruuuum / Chama Verequete...

Chama Verequete, oh! Verê / Oi, chama Verequete, oh! Verê

Ogum balailê, pelejar, pelejar / Ogum, Ogum, tatára com Deus

Guerreiro Ogum, tatára com Deus / Mamãe Ogum, tatára com Deus

Aruanda, aruanda, aruanda, aruanda ê / Mandei fazer meu terreiro

bem na beirinha do mar / mandei fazer meu terreiro

só pra mim brincar

Por Luiz Augusto Pinheiro Leal / Revista RAIZ
Ficha Técnica

"Chama Verequete"

Título Original: Chama Verequete
Gênero: Documentário
Tempo de Duração: 18 minutos, cor
Ano de Lançamento (Brasil): 2002
Direção e Roteiro: Luiz Arnaldo Campos e Rogério Parreira
Produção Executiva: Marcia Macêdo
Assistente de Direção: Rubens Shinkai
Fotografia: Marcelo Brasil
Direção de Arte: Armando Queiroz
Som: Nicolas Hallet
Música e Montagem: Paulo Leite

Prêmios:
Menção Honrosa - Festival de Curitiba 2002
Melhor Música (Curta 35mm) - Festival de Gramado 2002

Sinopse: Documentário poético sobre Mestre Verequete, personagem fundamental da história do ritmo raiz do Pará, o Carimbó, que legitimou e divulgou pelos quatro cantos do Brasil.

Um comentário:

Unknown disse...

Olá, sou da espanha e fiquei apaixonado com esa musica do Mestre Verequete, so que nao consigo saber o significado de nenhuma palabra. "OGUM BALAILE", "PELAJA", "OH VERE".
Posso imaginar que vem duma lingua antiga, ou dum dialeto da amazonia?
Abraço e muito obrigado.
Saludos de españa!!