Em determinado momento de Tempo de Resistência, Franklin Martins diz sobre as possíveis histórias do momento de repressão instaurados pela Ditadura Militar que serão passadas de pai para filho. Nessa altura, próximo do encerramento do documentário, já estava claro a brilhante mensagem do filme de André Ristum – os torturadores, ao contrario dos ex-militantes, não tinham sequer uma história daquele momento para contar aos seus filhos.
Tal sinal reflete no fato de que, em 2008, o debate sobre os horrores da Ditadura está de pé. Junto de Raphael Martinelli, Presidente do Congresso da Resistência Brasileira, e do jornalista Ivan Seixas, Leopoldo Paulino falou para uma platéia de estudantes e pessoas da comunidade em Jundiaí, após a apresentação de Tempo de Resistência. A conversar avançou por mais de uma hora e meia, fazendo com que todo o sentimento de repressão e dor fossem passados aos presentes no local. “A Ditadura fecha todas as portas da liberdade”, disse Martinelli. De perguntas sobre o atual ensino brasileiro até outras que passam pelo escândalo do Mensalão (tendo como um dos acusados de envolvimento José Dirceu, presente no documentário), a conversa teve um clima descontraído e histórias exclusivas.
Uma dos pontos mais destacados pelos convidados foi a necessidade de abertura dos arquivos da Ditadura – “Lutamos para que os arquivos sejam abertos”, declara Martinelli –, e o trabalho de Paulino pode ajudar muito para que isso ocorra. Base para a feitura do filme, seu livro já está em sua 6ª edição. “Em relação ao livro, a minha região foi à única com um trabalho deste tipo”, afirmou o vereador. O mês sobre Maio de 68, com apresentações todos os sábados, teve em seu quarto final de semana a presença destes três expoentes da luta esquerdista no Brasil. Tempo de Resistência soma-se a filmes como Amantes Constantes e A Chinesa no ciclo de obras do mês. Todos com muito a acrescentar.
Por Rafael do Amaral Reis
Nenhum comentário:
Postar um comentário