27 março 2011

Programação de Abril/11

O CINEMA DE LARS VON TRIER E MICHAEL HANEKE


Todos os sábados de abril, às 19h, de graça!
As sessões acontecem no auditório da Fatec Jundiaí. (Saiba como chegar ao local no fim desse texto).

Textos: Rafael Amaral



2/4 - Ondas do Destino, de Lars Von Trier

(Dinamarca, 1996)
título original: Breaking the Waves
direção:Lars Von Trier
duração: 152 min
gênero: Drama
Não recomendada para menores de 18 (dezoito) anos



A história de Bess McNeill, que passa por dois dramas durante o filme. O primeiro é um acidente com o marido, Jan, que se acidenta em uma petroleira, perdendo os movimentos do corpo. O segundo estágio de dor de Bess ocorre quando o marido passa a pedir que ela tenha relações sexuais com outros homens e que, mais tarde, relate a ele essas experiências – como uma forma alternativa da divisão do prazer entre o casal. Um filme sobre o confronto de espírito e carne, ao passo que a vida da personagem principal também se vê afetada pelo julgamento social. Considerado um dos melhores filmes de Von Trier, Ondas do Destino ainda continua inédito em DVD no Brasil.






9/4 - Os Idiotas, de Lars Von Trier

(Dinamarca/ 1998)
título original: Idioterne
direção:Lars von Trier
duração: 117 min
gênero: Drama/Comédia
Não recomendada para menores de 18 (dezoito) anos


Um legítimo filme do movimento Dogma, encabeçado por cineastas como Von Trier e Thomas Vintenberg – no qual as regras apontam à utilização de câmera na mão, digital, com total ausência de trilha sonora e luz natural. Considerado um dos primeiros filmes a seguir totalmente as regras do Dogma, Os Idiotas apresenta o cotidiano de um grupo de amigos que escolheram viver à revelia das regras da sociedade, formando uma espécie de mundo paralelo com seus comportamentos próprios – ao mesmo tempo em que, de quebra, constroem uma crítica à sociedade. Em busca dessa suposta “liberdade total”, esse grupo de jovens são também uma síntese do próprio movimento cinematográfico dinamarquês. Irônico, portanto, pena que tenha durado pouco tempo.






16/4 - O Sétimo Continente, de Michael Haneke

(Áustria, 1989)
título original: Der Siebente Kontinent
gênero: Drama
direção: Michael Haneke
duração: 104 minutos



O primeiro filme de Michael Haneke feito para o cinema continua sendo um de seus trabalhos de maior impacto. O cineasta simplesmente prende o público diante da falta de crenças de uma família quanto ao amanhã, sustentada pela falta de vontade de viver e de enfrentar a realidade. O mundo externo é apenas sugerido, levemente exposto. A dor e a autodestruição ocorrem em ambientes fechados, com acertados closes de Haneke. Ao bom observador, a ausência de uma tragédia maior apenas formaliza o estado das coisas, impedindo a aderência ao dramalhão. O túnel contra a água da abertura pode ser visto como uma mera passagem, um simples e exato momento de silêncio para a família manter-se unida fora de sua “moradia perfeita”, visualmente um lugar de anjos e espectros observadores convertidos no público (perplexo). Eis a realidade do filme: a morte pode ser dolorosa, mas pior é ter de lidar com a impossibilidade de viver. O Sétimo Continente é a primeira parte de uma trilogia, seguida por O Vídeo de Benny e 71 Fragmentos de uma Cronologia do Acaso. Em todos eles o cineasta discute os efeitos da mídia – sobretudo da televisão – na vida alheia.






23/4 - Caché, de Michael Haneke

(França, Áustria, Alemanha, Itália e Estados Unidos, 2005)
título original: Caché
direção:Michael Haneke
duração: 117 min
gênero: Drama
Não recomendada para menores de 16 (dezesseis) anos

O sentimento de culpa está presente em vários filmes de Michael Haneke. Como o amor e o ódio, a culpa movimento seus personagens por ambientes difíceis, indecifráveis, por onde a alma vaga em busca de redenção. As pessoas, diz Haneke em Caché, estão blindadas pelas forças da sociedade – forças, sim, que movem a consciência a não produzir qualquer auto-reflexão, a estancar o passado sempre quando é possível. Assim, Georges Laurent está impossibilidade de imaginar que o passado, sequer um dia, pudesse voltar. Está dominado por comodismo, livre em seu esquecimento, escondido em sua ascensão social. É um homem de boa vida, apresentador de tevê, culto e cuja família mostra-se a realização para qualquer pessoa de meia-idade. O que ele não imaginava, alfineta Haneke, é que o passado voltaria a cobrá-lo. Fitas de vídeo deixadas na frente de sua casa, misteriosamente, refletem o pior pesadelo para um homem cujo poder social o leva a outro patamar: as imagens de si próprio. O terror está no passado – seja de minutos ou décadas atrás.






Dia 30/4: O público escolhe! Durante as sessões, os participantes no cineclube escolherão entre Anticristo, de Lars Von Trier, e A Fita Branca, de Michael Haneke

Anticristo 

(Dinamarca, Alemanha, França, Suécia e Itália, 2009)
título original: Antichrist
direção:Lars von Trier
duração: 100 min
gênero: Drama/Terror
Não recomendada para menores de 16 (dezesseis) anos

Antes mesmo de sair do papel, Anticristo já estava fadado à polêmica. A história tem como partida um acidente que refletirá nos ânimos do casal principal, isso até Ele (Willem Dafoe) descobrir que Ela (Charlotte Gainsbourg) poderia ter sido tomada pela loucura ainda antes do filho de ambos morrer em um acidente. Dividido em um prólogo, quatro capítulos e um epílogo, a abertura mostra o casal rumo ao gozo, durante um ato sexual; paralelamente, há o filho, que acabara de escapar do berço e segue à janela, de onde cairá. O drama, externo, está instalado. O terror é sua consequência, localizado no interior das personagens e exteriorizados mais tarde quando, em descontrole, começam a se confrontar numa cabana em uma região isolada chamada Éden. É o palco perfeito para Von Trier explorar os conflitos e a tortura. Longe da cabana, enquanto Ela sofria com a morte do filho, havia o sexo, para tentar diminuir o sofrimento. Mas era um relaxante momentâneo. As coisas pioram quando Ele assume seu caso, contrariando especialistas, e passa a “examiná-la”. Ao perguntar para Ela qual o lugar que julga mais assustador, a mesma responde ser o Éden. Não restam dúvidas: é para lá que deverá levá-la.






A Fita Branca

(Áustria, Alemanha, França e Itália, 2009)
título original: (Das Weisse Band - Eine Deutsche Kindergeschichte)
lançamento: 2009 (Áustria, França, Alemanha, Itália)
direção:Michael Haneke
duração: 144 min
gênero: Drama
Não recomendada para menores de 16 (dezesseis) anos

As personagens vivem enclausuradas, sem qualquer contato com uma realidade diferente daquela exposta por seus ancestrais. É esperado que, assim como a bondade e os preceitos religiosos, a maldade também seja passada de pai para filho – ainda que os pais, mergulhados em uma hipocrisia cega, não consigam reconhecer isso. Poucos filmes recentes conseguem traduzir o embrião do mal, responsável por diversas atrocidades do século passado, tão bem como A Fita Branca. São mais de duas horas em que o ambiente carrega a maldade. Em uma fotografia em preto e branco, as personagens assemelham-se a fantasmas, ou mesmo seres contaminados em um mundo prestes a se destruir. O filme foi descrito como um trabalho sobre a origem do nazismo na Alemanha pré-Primeira Guerra Mundial. Por outro lado, como o próprio Haneke fez questão de lembrar, é um trabalho que vai além das fronteiras germânicas. A religião e o ódio que esvai da necessidade de educação de algumas crianças, revertida, na verdade, em prisão e repressão, é um dos condutores à violência presente durante o filme. Do branco da igreja às chamas do estábulo, Haneke envolve a maldade e a prisão em um véu que é metaforicamente exposto pelo texto na fita branca que as crianças são obrigadas a usar pelo pai e pastor do vilarejo.









Auditório FATEC - Av. União dos Ferroviários, 1760 Jundiaí/SP, prédio ao lado do POUPATEMPO (entrada pelo local). Para chegar, de carro, ao prédio do auditório onde são realizadas as sessões, basta passar em frente ao galpão onde ficam os carros de carnaval e entrar à esquerda em uma ruazinha estreita. Em frente a esta rua fica às vezes uma placa de "proibido entrar" - não tem problema, entre assim mesmo.


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